





A morte do Papa Francisco, ocorrida em 21 de abril de 2025, marcou o fim de um dos papados mais inovadores da história recente da Igreja Católica. Em seu lugar, o cardeal Robert Prevost foi eleito como Papa Leão XIV, trazendo uma nova perspectiva para o Vaticano. 5r1qc
Em 2015, o mundo testemunhou algo impensável: o ex líder da Igreja Católica, Francisco, lançou um álbum musical com influências de rock progressivo. Intitulado "Wake Up!", o disco surpreendeu tanto fiéis quanto críticos por sua sonoridade ousada e por incluir uma faixa que foi comparada ao som da lendária banda britânica Pink Floyd.
Lançado em 27 de novembro de 2015, "Wake Up!" apresentou 11 faixas que combinam pop, música clássica e elementos marcantes do rock progressivo. Produzido por Don Giulio Neroni — o mesmo responsável por projetos musicais anteriores com João Paulo II e Bento XVI — o disco tem uma proposta clara: traduzir a mensagem pastoral do Papa Francisco para uma linguagem contemporânea e ível. Parte dos lucros obtidos com as vendas foi destinada a um fundo de apoio a refugiados, segundo informou o Vaticano.
A música de abertura do álbum, "Wake up! Go! Go! Forward!", chamou atenção da crítica por sua construção sonora incomum para um pontífice. Segundo o jornal espanhol El País, a faixa remete a sonoridades clássicas do rock progressivo e foi comparada diretamente a "Atom Heart Mother", do Pink Floyd — com direito a trompetes e crescendo instrumental dignos dos anos 1970. Há ainda quem tenha notado semelhanças com o estilo de Bon Jovi, o que conferiu à obra um caráter híbrido e surpreendente.
Além do inusitado instrumental, "Wake Up!" apresenta discursos do Papa em quatro línguas: italiano, espanhol, inglês e português. Um dos destaques é a faixa "Fazei o que Ele vos disser", onde Francisco fala diretamente ao público lusófono. As gravações foram extraídas de homilias e discursos realizados em viagens papais, incluindo agens emocionantes proferidas na Coreia do Sul.
Boa parte das composições do álbum é assinada por Tony Pagliuca, ex-integrante da banda italiana Le Orme — um dos nomes mais relevantes do rock progressivo europeu nas décadas de 1970 e 1980. A escolha de Pagliuca não foi aleatória: sua experiência com o gênero garantiu à produção uma estrutura musical complexa e autêntica, mesmo tratando-se de um projeto com forte mensagem religiosa.
"Wake Up!" não foi apenas um exercício estético ou musical. A intenção clara era a de aproximar a Igreja de uma geração mais jovem e conectada à cultura pop. Francisco, que já havia estampado a capa da revista Rolling Stone norte-americana no início de seu papado, reforçou com esse álbum sua imagem de líder progressista e aberto ao diálogo com o mundo contemporâneo.
Embora a iniciativa tenha sido aclamada como inovadora, a crítica especializada teve opiniões mistas. Miguel Ángel Bargueño, crítico musical do El País, classificou o álbum com 2,5 estrelas de 5, considerando-o um “pastiche confuso”, com blocos sonoros desconexos e momentos de desequilíbrio entre a música e as mensagens faladas do Papa. Ainda assim, reconheceu a coragem artística e a qualidade técnica da produção, que contou com mixagens comparáveis às de artistas como Eros Ramazzotti.
O lançamento próximo ao Natal não foi coincidência. A ideia de oferecer uma alternativa espiritual e sonora às tradicionais músicas festivas rendeu comparações ousadas — e até brincadeiras sobre uma possível “concorrência divina” para artistas como Adele. Em plataformas digitais como iTunes e Spotify, o álbum foi classificado como “Gospel” e “Música Cristã”, e seu single chegou a figurar entre os mais ouvidos da categoria.