"Vale Tudo" se tornou um marco na teledramaturgia, seja pelos índices elevados, seja pelos personagens icônicos. A começar pela maior de todas as vilãs das novelas, Odete Roitman, no original vivida por Beatriz Segall (1926-2018), que na juventude teve uma profissão bem longe da TV. E foi bem antes da Globo tirar do papel a ideia do remake, que a própria atriz disparou críticas contra a emissora. 4a3pb
Isso ocorreu em novembro de 2010 em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" na época da primeira reprise de "Vale Tudo" pelo extinto Viva. "A Globo hoje não tem elenco para fazer um remake de 'Vale Tudo'", não perdoou Beatriz, vítima de duas graves quedas nos últimos anos de vida. "A Globo foi atrás do público dessas emissoras que começaram a produzir programas menos elaborados. Hoje vejo coisas na Globo que no tempo do doutor Roberto Marinho (1904-2003) não aconteciam. Certo tipo de cena, de personagem, as bobagens que são ditas, a falta de consistência nos enredos...", listou.
Embora tenha reconhecido o comportamento controverso de sua personagem, a atriz fez uma defesa. "(Odete) era engraçada. Dizia coisas horrorosas sobre o Brasil, mas eram todas verdadeiras. Eram coisas que os brasileiros precisavam ouvir, não com aquele pedantismo todo. Eu até nem gosto de falar isso, porque o público me confunde com a personagem, mas eu tinha prazer em falar aquelas coisas, porque elas precisavam ser ditas", apoiou a artista, cujo marido foi alvo de tortura na época da Ditadura.
Durante a entrevista, concedida durante a exibição de um dos capítulos de "Vale Tudo", Beatriz vibrou ao ver sua vilã em cena. "Olha ela! As roupas, embora hoje estejam fora de moda, eram sensacionais", aprovou. "Ela se derrete com o namoradinho que trouxe da Europa, humilha, manda. É pesada, grossa e malcriada com o genro. Essa novela tem cenas antológicas. Continua atual", cravou Beatriz, envolvida anteriormente em polêmica com atriz por motivo político.
